És daqueles jogadores que qualquer treinador/colega gosta de ter no seu seio, porque és honesto, genuíno, trabalhador e, acima de tudo, amas aquilo que fazes. Partiram-te a perna, mas ninguém nunca conseguirá partir o teu querer, a tua raça e o teu profissionalismo. És um profissional na verdadeira acepção da palavra e digo isso porque tenho-te acompanhado desde o primeiro dia e tens sabido manter a mesma postura séria no trabalho.
Todos aqueles que gostam de futebol esperam um rápido regresso.
Vou repetir aquilo que te digo antes dos jogos: És o melhor defesa direito do futebol português e só estás aqui porque andam todos destraídos.
Força, Pedro, és um vencedor e isto é só mais uma etapa.
Com duas cartas de recomendação, uma para o Sporting e outra para a Académica, estando eu em Lisboa, seria mais fácil deslocar-me ao Sporting, mas a minha primeira ideia foi arrancar para Coimbra e, quando lá cheguei, não havia treinos, pelo que voltei para Lisboa. Tendo pernoitado em Moscavide, apanhei o Autocarro n. 49 em direcção ao estádio José de Alvalade, pedindo na altura ao motorista que me dissesse qual a paragem certa. A verdade é que o senhor só me avisou para descer quando chegámos ao estádio da Luz. Desci do Autocarro e pensei para comigo "Bio (na altura era apenas o Bebiano e a história do nome fica para depois), já que aqui estás não custa nada tentar". Assim fiz. Desloquei-me à entrada do estádio e perguntei a um senhor que por ali se encontrava onde me podiam informar da realização dos treinos de captação. A verdade é que, passado um par de horas, estava eu equipado e pronto para prestar provas, na altura com o Mister Arnaldo Teixeira. Treinei, as coisas correram bem e, a partir desse momento, nunca mais me largaram. Fui buscar as minhas coisas e instalei-me no lar do Clube. Será que somos nós que decidimos o nosso futuro, ou ele já está traçado e apenas caminhamos na direcção certa/errada, sem que seja possível alterá-la?
Durante as nossas vidas, temos momentos marcantes, que podem ser positivos ou negativos, bons ou maus, que nos marcam de uma forma profunda e para sempre e que lutam ambos para, em cada momento, disputarem uma posição cimeira nas nossas mentes e que são impossíveis de apagar das nossas memórias.
Ora, eles conseguem essa posição cimeira independentemente do nosso estado de espírito. Podemos até estar a viver um momento de grande euforia e de repente saltam--nos à memória momentos negativos e acontece, também, em momentos de tristeza, mesmo que profunda, saltarem-nos à memória momentos de grande prazer que tenhamos vivido.
Bom, meus caros amigos, são estes momentos de balanço que permitem um grande equilíbrio do nosso ser, porque seria impossível viver só de momentos bons, tal como seria igualmente impossível viver só de momentos maus.
No entanto, quando somos emigrantes e os nossos entes queridos se encontram a milhares de quilómetros de distância e ocorrem situações dramáticas que nos levam a meditar de uma forma profunda, esse equilíbrio torna-se fundamental para nos lembrarmos de quem somos, quais são as nossas verdadeiras origens e qual o rumo que devemos manter.
Todo este intróito, tem como pano de fundo contar-vos uma história real que vivi em 2005, precisamente no dia 31 de Agosto, data que jamais esquecerei.
A minha irmã mais nova Cesaltina, dos 14 irmãos, era a minha preferida, com quem partilhei as brincadeiras de criança e tínhamos uma excelente relação. Esteve internada no Hospital de Bissau com problemas de saúde, coisa de pouca importância para os países europeus, mas que em África pode muitas vezes representar perigo de vida. Falei com ela no dia 30, estava em casa e sentia-se bem.
Às 14 horas desse dia 31, último para a inscrição de jogadores profissionais de futebol, com 4 processos em mãos, fui informado via telefone que a minha irmã acabara de falecer. Foi tremendo o choque e a distância inultrapassável. Não tinha sequer hipóteses de assistir ao funeral. Foi o dia mais difícil da minha vida e senti um vazio e uma angústia enormes. Foi como se o mundo tivesse desabado a meus pés. Mas a outra realidade chamava por mim: tinha que continuar a minha luta, tinha que cumprir o meu dever profissional e apresentar os processos de inscrições na Liga sem falhas. Como é que se gere, nestas alturas, as emoções? À primeira vista parece impossível, mas Deus deu-nos capacidades que só entendemos quando as dificuldades e os problemas nos batem à porta e é como se tivéssemos duas personalidades dentro de um corpo, é como se fosse as duas faces da mesma moeda.
A turbulência e a onda de emoções tomaram conta de mim e parti em direcção à cidade do Porto. Senti uma grande revolta e não contive as lágrimas.
Fui convidado para trabalhar no Penafiel em 1999, pelo Presidente da Direcção, senhor António da Silva Gomes, convite esse que aceitei com agrado, para exercer as funções de Secretário Técnico e, nessa altura, tinha como formação o curso de técnico de fisioterapia, e o 10.º ano de escolaridade.
Entrei no Clube em Junho, período coincidente com toda a programação da nova época e acrescida dos processos de inscrição de jogadores e não tinha ninguém para me dizer como fazer, pelo que tive de descobrir sozinho, até porque havia quem entendesse que não teria capacidades para tal, tendo muitas vezes saído das instalações depois das 4 horas da manhã, para que nada falhasse. Posso dizer que aprendi às minhas custas.
A primeira constatação foi de que necessitava de mais e melhores "ferramentas" para o exercício da minha actividade profissional e tracei como objectivo imediato terminar o 12.º ano de escolaridade e, de seguida, frequentar um curso de Técnico Profissional de Arquivo, objectivos atingidos com sucesso.
O último desafio em termos académicos surgiu aquando das reuniões na Liga Portuguesa de Futebol Profissional que tinha como pano de fundo a Lei de Bases do Sistema Desportivo, acompanhando um Vice-Presidente do Clube.
A verdade é que, de todas as equipas representadas, o Penafiel, embora sempre com uma participação activa e produtiva, era a única equipa que não tinha ninguém com formação académica superior e confirmei nessa altura que só iriam sobreviver aqueles que tivessem melhor formação.
Embora fosse uma ambição antiga, já da época em que era jogador, onde os tempos livres abundavam, terminar os estudos parecia ser mais fácil depois de terminada a carreira competitiva. Pura mentira e pura ilusão, porque não sabemos nunca o que na verdade nos espera.
No meu caso, nunca perdi de vista aquilo que queria e necessitava apenas de uma oportunidade, ou melhor, de uma segunda oportunidade, que surgiu e que tenho sabido aproveitar.
Aquilo que posso dizer, neste momento, aos jovens jogadores do Penafiel e não só, é que não devem abandonar os estudos, porque estudo e futebol são conciliáveis.
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